A Balança de Pagamentos correspondente ao terceiro trimestre do ano 2008 registrou um saldo de US$5.585 milhões, produto de um superávit de US$18.030 milhões na conta corrente e de um déficit de US$11.003 milhões na conta financeira, o que determinou que as reservas internacionais líquidas do país fossem de US$38.680 milhões no momento do encerramento do mencionado período.
Conta corrente
O saldo das transações correntes aumentou 205,7% respeito ao terceiro trimestre de 2007 (US$5.898 milhões), por efeito do acréscimo observado na balança comercial de bens, que passou de US$6.282 milhões a US$19.201 milhões, como conseqüência de um incremento no valor das exportações (66,7%) e de uma diminuição nas importações do período (-3,0%).
As exportações de bens foram de US$31.350 milhões, impelidas por um acréscimo de 71,1% nas vendas petroleiras, para o que contribuíram tanto a evolução favorável do preço médio da cesta básica venezuelana (60,7%) como os volumes exportados (6,5%) durante o período analisado. O valor das vendas externas não petroleiras registrou um aumento de 19,5%, atingindo US$1.952 milhões, estimado pelo crescimento nas vendas dos produtos siderúrgicos e químicos e de mineral de ferro. As importações do trimestre, por outro lado, foram de US$12.149 milhões, o que reverte a tendência de acréscimo que se vinha observando, devido, principalmente, às menores compras externas do setor automotivo e de equipamentos para a transmissão por rádio e televisão demandados pelo setor das telecomunicações.
Conta financeira
Os movimentos da conta de outro investimento refletiram os acréscimos dos depósitos externos de entes públicos e empresas privadas e os créditos a clientes internacionais da indústria petroleira. Por outro lado, foram contabilizadas amortizações de empréstimos e outras contas a pagar ao exterior pelas empresas públicas petroleiras e do setor privado financeiro e não financeiro. Este comportamento contribuiu para o déficit estimado na conta de outro investimento (US$-9.815 milhões), o qual, junto ao déficit de investimento direto (US$-1.509) e ao superávit do investimento em carteira por US$321 milhões, originou um resultado financeiro consolidado do trimestre de US$-11.003 milhões.
O resultado deficitário do investimento direto foi devido, principalmente, aos maiores créditos de caráter comercial para as afiliadas externas do setor petroleiro e para a redução da dívida do setor empresarial privado perante suas casas matrizes e outros fornecedores externos associados.
O superávit observado na conta de investimento em carteira esteve sujeito, basicamente, à redução das posses de instrumentos de porta-fólio por parte das instituições financeiras privadas do país. Porém, este resultado diminuiu pelo significativo incremento dos ativos em carteira do Governo e pela redução da dívida externa do setor petroleiro.
POSIÇÃO DE INVESTIMENTO INTERNACIONAL
A posição dos ativos líquidos do país perante o setor externo atingiu US$137.891 milhões no encerramento do terceiro trimestre de 2008, de acordo com os movimentos financeiros registrados na balança de pagamentos. Isto representa um acréscimo de 70,8% a respeito da posição do mesmo período de 2007 (US$80.743 milhões). Este resultado respondeu ao aumento de 31,3% nos ativos externos totais do país, estimados em US$219.363, e à diminuição de 5,7% nos passivos externos (incluindo a dívida externa), valorados em US$81.472 milhões.
Tanto o setor público quanto o privado incrementaram suas posições de ativos externos, registrando o primeiro um saldo de US$118.367 milhões no encerramento do trimestre (acréscimo de 42,9%), impelido pelo nível de ativos governamentais (Fonden), pelos ativos em depósitos e faturas pendentes do setor petroleiro e pelos ativos de reservas internacionais; estes últimos incrementaram 30,9% com respeito ao mesmo período do ano anterior. Os ativos dos entes privados, por seu lado, aumentaram 19,7%, atingindo US$100.726 milhões, constituídos principalmente por poupanças em instituições financeiras externas.
Os resultados do terceiro trimestre ratificam a sólida posição externa do país, tanto no que se refere às Reservas Internacionais quanto aos ativos externos do setor público. A dívida externa pública e privada apresentam, igualmente, uma redução significativa. Estes elementos outorgam ao país uma ampla capacidade de ação para fazer frente aos possíveis impactos derivados da forte turbulência pela que atravessa a economia mundial.
